Em finais de 1975 ou princípios de 1976, ainda com o Engº Bioucas em presidente da Comissão Administrativa, cargo que o faria chegar mais facilmente, à eleição como primeiro presididente da Câmara, pós 25 de Abril, em resposta a um ofício fui aos Paços do Concelho para tomar conheciento em nome da CIDAS, de que a Câmara iria indeferir o projecto dos depósitos da água e da captação de água da albufeira do Castelo de Bode, para irrigação dos terrenos numa área de influência de 3,6 km2 (360 hectares) na envolvente à povoação da sede da freguesia do Souto.
Nessa altura, ainda não estava totalmente posta de parte uma intervenção que chegasse à povoação de Bioucas e à Atalaia, o que iria aumentar ainda mais essa área de intervenção. Quase em simultâneo, por razões ainda hoje mal explicadas, à povoação de Bioucas e Atalaia afastavam-se da CIDAS ou da hipótese de aderirem à mesma. A população de Bioucas - terra de origem do avô do Engº Bioucas e por sainal, também a terra das minhas duas avós - viria a abraçar um projecto próprio de cooperativa de rega, a CARBIZ, com os estatutos semelhantes ao da CIDAS, por mim elaborados. Atalaia nada fez.
Pedi explicações, ali de viva voz, no gabinete do engº Serafim estando o Engº Bioucas ao lado, para tamanha injustiça, com esse disparate do indeferimento.
E lá lhes expliquei com toda a contundência, que não precisávamos da autorização da Câmara para irmos buscar a nossa água à albufeira, pois tínhamos o mesmo direito do que os de Lisboa, quando já se falava no abastecimento da capital via Castelo de Bode.
Mais: iríamos lutar, se possível fosse de caçadeiras na mão para fazer chegar a água da albufeira até ao planalto do Souto, obra que deveria ter sido contemplada pelos poderes públicos locais e nacionais, logo a seguir ao esbulho das nossas terras em 1951, submersas com a albufeira do Castelo de Bode. A costela do Norte, nas origens do Engº Bioucas tocou mais fundo.
Sendo certo, que o Engº Bioucas começou a ver a sua eleição para a CMA, a fugir-lhe debaixo dos pés. E com habilidade eleiçoeira, imediatamente, se afastou desse outro técnico a seu lado - o Engº Serafim, símbolo do passado que foi permitindo nos anos 1960 aprovar projectos de novas construções no Souto, sem que tivessem já desenhada uma casa de banho - e logo aquiesceu aos apelos que fiz com grande galhardia.
Este meu gesto patriótico valeu a aprovação em série para os demais projectos de cooperativas de irrigação no Norte nos anos de 1976. Para além do Souto, nasceram as cooperativas de rega de Bioucas, Carreira de Mato e Aldeia de Mato, todas com base nos estatutos que elaborara graciosamente, para o Souto.
Em 1985, o Engº Bioucas ameaçou arrancar os canos da cooperativa pois pretendia instalar esgotos e água canalizada através de vals sem olhar a estragos. Teve que a cooperativa pagar todos os remendos e andar atrás do empreiteiro a pedir clemência.
Em 1983, já os esforços do Engº Bioucas para fraccionar a freguesia do Souto em três tinham obtido o seus intentos eleitoralistas.
Não surpreende a postura dos autarcas locais dessa época a pedirem clemência, não fosse o empreiteiro arrancar os canos de água da CIDAS.
O que não seria se nessa época as Fontes e o Souto já soubessem que no virar do milénio, - 25 a 30 anos mais tarde - os infantários do Souto e das Fontes iriam fechar , como agora aconteceu nas Fontes e já acontecera há meia dúzia de anos no Souto.
NOTA - Em 1979, os eleitores do Souto ainda reconheceram os meus préstimos votando na lista do CDS à junta preparada por mim, que era o nº dois.
Em 2001, já se haviam esquecido quando concorri a vereador na lista do PSD, tendo a lista do PS ganho na freguesia do Souto com mais 6 votos. Em 2005 e em 2009, a lista que encabeçava pelo CDS ficou-se pelo terceiro lugar, atrás do PSD e do PS.
