A ser verdadeira a referência que o então Bispo de Portalegre, D. António Ferreira Gomes fez, em carta de Junho de 1952 (no último ano dos seus quatro anos de bispado) sobre a freguesia do Souto, com adjectivos indignos de um Bispo, então a freguesia do Souto pode-se dizer injustiçada até pelo mais alto dignitário da Igreja Cristã na região.
Desse Bispo, no período trágico e conturbado que antecedeu o enchimento da albufeira do Castelo de Bode esperava-se toda e qualquer manifestação de solidariedade que ainda hoje perdurasse na memória das gentes do Norte do concelho de Abrantes. Ora parece que tal nunca aconteceu, no sentido de expressar como um bom cristão, a clara mostra de solidariedade com o sofrimento de milhares de fiéis, privados das suas melhores terras inundadas pelas águas da albufeira.
Curiosamente, o que muito se apregoou pelos media, com inegáveis aproveitamentos políticos da esquerda de má consciência foi a referência a uma carta que o dito Bispo teria escrito a Salazar colocando em causa a política do Estado Novo.
Nem quero acreditar no que o dito Bispo não teria que dizer hoje - 36 anos depois de Abril - sobre os resultados dessa revolução aferidos pela troika em Maio/Junho de 2011.
Com que autoridade moral escreveu o Bispo essa carta a Salazar se ele ao fim de quatro anos na diocese de Portalegre acabou por omitir uma clara intervenção como lhe era exigida, diante da inundação e submersão de tantas terras, em benefício da capital do país e não só, sem que houvesse a apregoada "divisão dos frutos desse trabalho ( a barragem) dentro do tal espírito de justiça cristã " com equidade e justiça social entre os membros da comunidade"...
Contra Saalazar, o Bispo lá soube dizer o que não fez antes com os seus paroquianos mais indefesos. Esta atitude omissa do Bispo deixou-me profundamente desgostoso e triste. Não admira que certos esquerdalhos façam loas disso.
Estas palavras perdem todo o sentido, quando ditas por um Bispo que seis anos antes nada disse aos paroquianos na envolvente a Castelo de Bode.
Escreveu o Bispo contra Salazar este excerto:
«— a novidade de propor não só que os frutos do trabalho comum sejam divididos "com equidade e justiça social entre os membros da comunidade", mas particularmente que o indivíduo deve ter "a justa quota-parte na condução da vida colectiva". Esta participação do trabalhador na Administração da empresa ainda hoje apenas se encontra consignada na lei em países como a Alemanha;» excerto da Carta do Bispo do Porto a Salazar.
Se um Bispo escrevesse isto mesmo na Alemanha era excomungado...
