«A partir deste momento, iniciou-se dentro da
cabine de pilotagem a situação em que os investigadores chamam de “gestão de
pane”, a ação dos pilotos para evitar o acidente. A tentativa durou quatro
minutos e vinte e três segundos cujo ponto final foi o impacto violento do A330
com 203 toneladas contra a superfície do Atlântico a 187 quilômetros por
hora.
A cronologia do acidente revela duas certezas
inapeláveis. A primeira é de ordem direta, ao puxar o joystick para si e
mantê–lo assim até fim, o piloto em controle do avião, imediatamente antes do
acidente, agravou a perda de sustentação da aeronave. A segunda, não menos
trágica, confirma o engano brutal de Pierre Baud, vice-presidente da Airbus. Até
o acidente com AF 447, ele resumia uma posição oficial da companhia assim: “O
Airbus não perde sustentação, portanto os pilotos não precisam ser treinados
para recuperar a perda de sustentação.”
As informações das caixas-pretas divulgadas pelo
BEA coloca também uma questão capital. Por que pilotos experientes como os do AF 447 não adotaram uma
manobra básica, conhecida por iniciantes, para tentar ganhar sustentação? Quer
dizer, baixar o nariz do avião e dar potência às turbinas para sair da situação
de estol, ou perda de sustentação?
“Em razão da leitura incorreta dos Pitot, os
pilotos podem ter sido induzidos a pensar que o avião voava em velocidade
superior a real. Empinando o nariz do avião tentaram frear sua velocidade. Ou
dando potência plena se imaginaram que o avião estava lento. Aliás, nesta última
hipótese, era o procedimento preconizado pela Airbus até janeiro de 2011”, diz o
comandante de Airbus, Gerard Anoux, um dos autores do mais completo relatório
paralelo ao do BEA sobre o acidente.
Uma nota do dia 20 de março de 2011 redigida por
cinco peritos em acidentes aéreos engajados pela Justiça francesa sustenta que
“À época do acidente, os pilotos não estavam preparados para afrontá-lo” por
falta de “informação” e “treinamento”.»