A minha declaração de interesses : em Março de 1975 procurei informar-me do Programa do CDS, pois como jovem queria participar no engrandecimento do futuro do nosso país. E foi em Março de 1975, porque havia acabado de cumprir 30 meses no serviço militar, longe da vida civil onde deixara várias hipóteses de bons empregos em aberto, pois nessa época em que assentei praça em Santarém( Junho de 1972), se não fosse em Abrantes ou em Santarém, pelo menos em qualquer rua de Lisboa se podia arranjar emprego e trabalho. Era um mundo de oportunidades.
E nessa minha busca de informação política, - na minha juventude não havia "juventudes partidárias" como hoje existem - entrei um dia no Largo do Caldas, quando quase ninguém se atrevia a fazê-lo com medo de represálias. Soube por duas amigas de que havia lá umas sessões muito interessantes, às quintas-feiras à noite. Era quinta-feira à tarde. Só tive que fazer um tempo de espera e aparecer à hora marcada.
Naquela noite, à hora aprazada, - nesse tempo ainda não havia a hora CDS ( aquela hora de atraso condescendente, com que toda a gente chega às reuniões) - duas dezenas de pessoas já se iam sentando à volta da mesa, algumas sem se conhecerem de parte alguma como era o meu caso. Já estava à nossa espera com ar muito bem disposto, como era seu timbre,
o ENGº ADELINO AMARO da COSTA.
o ENGº ADELINO AMARO da COSTA.
Ao longo da reunião, - onde estava também outro histórico, o Engº Nuno Abecassis, - a capacidade de argumentação, a forma e a agilidade de pensamento com que o Engº Amaro da Costa conduz a aquele entusiasmo cativante que nos fazia render a todos os presentes era algo que ultrapassava tudo quanto havia imaginado pelo melhor.
É este elevado grau de competência, que eu sempre apreciei em quem se apresentava interessado em melhorar o futuro da sua terra ou do seu país. O Dr. Paulo Portas com peculiar semelhança no aspecto de estadista, no decorrer de um discurso, num jantar em Queluz em 3 de Dezembro último, dizia num ter conhecido pessoalmente Amaro da Costa, mas que as pessoas que o conheceram diziam-lhe que era um grande político, um grande estratega e acima de tudo um "Homem Bom". Eu quase no fundo da sala embevecido com aquelas palavras tão certeiras, elevei a minha voz pelo meio do silêncio da sala e exclamei:
- Era mesmo um Homem Bom, doutor! - e toda a gente se virou na minha direcção, e eu a custo a evitar que notassem uma lágrima fugidia.
É este o grau de exigência que me anima estar no CDS. Não tolero pactuar com os incompetentes, com os invejosos incapazes de igualarem as pessoas de bem, e com os oportunistas.
Anteontem estive numa "Formação Política", na Casa do Brasil, em Santarém. Metade das pessoas presentes não as conhecia do CDS, pelo menos antes de 2009. Ainda estava lá um militante histórico, que me fez recordar que seria eu, logo a seguir a ele, o militante mais antigo na filiação distrital do CDS. Na sala estavam quatro militantes, que eu inscrevi no partido em Abrantes como militantes. Uma era deputada municipal por Abrantes e o outro o presidente reeleito da Concelhia do Entroncamento. Não se pode dizer que não tenha trazido pessoas com valor para o CDS. Cumprimentaram-me muito bem. Outros dois evitaram-me falar, e com esse gesto pareceram mostrar um ar de triste superioridade. Ao menos podiam-me ter agradecido, por tê-los feito militantes em 2010, de um partido onde eu já fazia parte desde 1975. Um como professor mostrou-se limitado no relacionamento pessoal e mal educado.
Vieram para o partido fazer exactamente o quê?!
Vieram para o partido fazer exactamente o quê?!
Que credibilidade pode ter esta gente, com estes propósitos tão sectários?
Serão pessoas desta natureza e deste carácter, que mais precisamos num movimento político?
Não surpreende portanto, que no período de perguntas ao Secretário de Estado da Agricultura surgissem pessoas a pedirem mais subsídios para os adubos, mais subsídios e ajudas para as sementes, mais subsídios e ajudas para o seu sector e até houve quem falasse na sua associação de criadores de ovelhas, como se essa actividade tivesse algum peso no seu concelho ou fosse a solução do futuro do seu concelho. Estavam a falar da sua "chafarica" e da "chafarica" dos amigos.
Quando muito, se houver mais ovelhas, - e não surgindo pastagens verdejantes tão depressa, para alimentar sequer os rebanhos que já existem, quanto mais os que se querem fomentar - isso sim, podemos ter uma crise grave para sustentar esse gado, mais doenças, mais medicação, mais serviços de assistência, mais abates, resultando de tudo isso, que a única pessoa que poderá vir a engordar a sua conta bancária e a ter trabalho será o veterinário da terra.
Quando muito, se houver mais ovelhas, - e não surgindo pastagens verdejantes tão depressa, para alimentar sequer os rebanhos que já existem, quanto mais os que se querem fomentar - isso sim, podemos ter uma crise grave para sustentar esse gado, mais doenças, mais medicação, mais serviços de assistência, mais abates, resultando de tudo isso, que a única pessoa que poderá vir a engordar a sua conta bancária e a ter trabalho será o veterinário da terra.
Ontem, na última segunda-feira do mês de Fevereiro registaram-se 235 incêndios em todo o país, na sequência do que já se vem registando nos últimos dias.
Na véspera a ministra da Agricultura havia dado várias entrevistas e deslocado-se à Feira Agro-alimentar em Paris, onde encontrou dois expositores portugueses de queijo da Serra.
Os nossos produtos agro-alimentares já chegam lá fora. Se era essa a mensagem, vale o que vale.
Mas não se ficavam por aí as mensagens da ministra da Agricultura.
Fez um prognóstico arriscado ao assegurar que nós dentro de seis a sete anos, já seríamos auto-suficientes em matéria agrícola.
Não disse onde iriam os produtores buscar o dinheiro para esse investimento e se havia certeza na remuneração desse investimento colossal.
Uma coisa é dizer-se que podemos ser auto-suficientes e outra coisa é constatarmos que nunca o fomos. De resto, a pobreza dos nossos solos não se mostra nada auspiciosa para se poder atingir essa meta.
E mesmo que se atingisse essa meta, a questão era saber se haveria sustentabilidade futura para manter essa auto-suficiência. A actividade agrícola não se padece de paragens, de avanços e recuos. Ou se mobilizam constantemente as terras ou tudo se perde de um dia para o outro. E quando se apanha um fogo, daquela praga de incêndios que se repetem ano sim ano não, então o futuro ainda fica mais incerto.
E mesmo que se atingisse essa meta, a questão era saber se haveria sustentabilidade futura para manter essa auto-suficiência. A actividade agrícola não se padece de paragens, de avanços e recuos. Ou se mobilizam constantemente as terras ou tudo se perde de um dia para o outro. E quando se apanha um fogo, daquela praga de incêndios que se repetem ano sim ano não, então o futuro ainda fica mais incerto.
Este é um ano de seca, e em nada estimulante quanto a ambições desse quilate.
Paradoxalmente, a ministra chegou mesmo a afirmar que "temos" que nos saber habituar a mais anos de seca.
Não falou onde arranjar mais água.
Não falou onde arranjar mais água.
Portanto, a agricultura que nos poderá dar a auto-suficiência, só se for uma agricultura de sequeiro, desde que haja água para combate ao foco avassalador de incêndios que irão vir atrás da seca.
Ora havendo mais incêndios e mais seca, o que questiono é muito simples: na presença destes dois factores tão negativos - incêndios e seca! - será realista e sério anunciarmos a distribuição de mais terras para jovens agricultores e declarar a nossa auto-suficiência para daqui a meia dúzia de anos, quando com todo o nosso "abençoado" ordenamento do território continuamos a fechar postos de saúde, escolas e serviços no interior rural e a deixar as terras com casas velhas, cujo projecto de recuperação o PDM só nos permite acrescentar mais 25 m2 de área bruta, em casas de dimensões acanhadas, onde antes não havia as duas casas de banho, os roupeiros, a cozinha com bancada e lava-loiças, espaço para máquinas de lavar loiça, de lavar e de secar roupa, e esquentador, a sala com muito mais de 20 m2, para que a família coubesse à roda da lareira, sem ter de prescindir da mobília de sala comum e dois ou três quartos com mais dos escassos 7 m2 das casas de aldeia?
Mais: e para que a câmara municipal nos aprove essas obras de restauração - já para não falar em projecto de construção nova, quase impossível no espaço aprovado no PDM - serão precisos longos meses de caminhadas para os serviços de urbanismo municipal, se pelo caminho não encontrarmos ainda, terríveis surpresas nos SMAS, na EDP, nos telefones ou no gás, ou tropeçarmos com um "burrocrata", tipo cabo de esquadra.
BEM VINDOS AO MUNDO RURAL!
Mais: e para que a câmara municipal nos aprove essas obras de restauração - já para não falar em projecto de construção nova, quase impossível no espaço aprovado no PDM - serão precisos longos meses de caminhadas para os serviços de urbanismo municipal, se pelo caminho não encontrarmos ainda, terríveis surpresas nos SMAS, na EDP, nos telefones ou no gás, ou tropeçarmos com um "burrocrata", tipo cabo de esquadra.
BEM VINDOS AO MUNDO RURAL!