A proposta do António José Carvalho é interessante. Sem dúvida que expressa - eu diria: realça uma realidade revoltante! - o verdadeiro "custo de oportunidade" na interpretação que a ciência e a teoria económica costumam apontar para as oportunidades perdidas.
Acima de tudo, convirá não esquecer o óbvio: o Comendador Duarte Ferreira já não está entre nós.
Percebo o enfoque na Mitsubishi. Mas esta unidade, há mais de 20 anos no Tramagal, não segue a mesma filosofia do Comendador. É uma multinacional, e não tem um tramagalense, - com a postura altruísta do Comendador - na sua liderança administrativa: tem um torrejano.
E a partir daí, tudo o que nos é proposto nesta "Fundição" fica atrofiada pelo contexto desta crise económica e financeira que nos esmaga e sufoca por completo. O tema actual e que muitos ainda não conseguiram interiorizar, passa por esta evidência castradora: NÃO HÁ DINHEIRO para investimentos!
Curiosa a referência
que alguém ( António José Carvalho, ele próprio! )ontem no Facebook me dirigia, de que a defesa de mais
construção no Tramagal estava condenada, face à crise da "bolha
imobiliária" e no falhanço desenvolvimento económico assente na
construção em alta densidade. Por ironia, a haver essa densidade teríamos com toda a certeza, a melhor garantia para o sucesso da dita "Fundição".
Vejamos a sinopse desta proposta da "Fundição", tal como escreveu António José Carvalho, no Facebook:
«A área desenhada tem uma posição privilegiada na vila e está infra-estruturada.
Ao longo do tempo nela se situaram: a casa de Eduardo Duarte Ferreira, a
fundição dos primórdios da industrialização, a Cooperativa Operária
Tramagalense, uma escola do 2º/3º ciclo, a Biblioteca Calouste Gulbenkian, etc.
O edificado encontra-se devoluto, pelo que esta intervenção enquadra bem no
paradigma geral da urgência de reabilitação urbana, podendo por isso recolher
alguns apoios públicos fundamentais à sua concretização. Esta ideia tem como
âncora a implementação de um espaço formativo, laboratorial, oficinal e
artístico: as Escolas. Esta unidade do projecto é perspectivada como lugar de
encontro de saberes focados em dois sectores: o do trabalho do ferro (preservar a
já secular tradição da terra neste sector) e a informática, justificada na
coincidência de serem tramagalenses, ou terem ligações ao Tramagal, muitas
pessoas com grandes conhecimentos nesta matéria. Nesta proposta os espaços para
empresas (terciário) e residenciais têm um papel importante para garantir a
sustentabilidade da operação. O Tramagal é uma vila com cerca de 3500 hab.,
situada no centro geométrico de Portugal, junto ao Tejo, a apenas 1 hora e 30
minutos de Lisboa. É servida por comboios, pela EN 118, pela autoestrada A23 e
tem infra-estruras aeroportuárias próximas. Pertence ao concelho de Abrantes
(cidade a 10 km dotada das principais funções urbanas) e integra-se na região do
Médio Tejo, onde se localiza parte importante da força industrial do país. Ocupa
uma posição central no polígono definido por algumas das principais
infraestruturas nacionais: barragem do Castelo do Bode, estação ferroviária do
Entroncamento, CIRVER/Parque do Relvão - Chamusca, Campo Militar de Santa
Margarida e centrais eléctricas do Pego. Em Janeiro de 2012, a Mitsubishi Fuso
Truck Europe, com fábrica na localidade, viu o Ministério da Economia declarar o
interesse estratégico do investimento que está a implementar: 36,7 milhões de
Euros, criação de 353 novos postos de trabalho diretos com manutenção dos atuais
322, um alcance de volume de vendas de 3,3 mil milhões de Euros em valores
acumulados de 2011 a 2020. (...) »
O enunciado peca ainda por outras omissões estratégicas, fundamentais para a sustentabilidade da proposta "Fundição" - um nome feliz, apesar de tudo.
O edificado está devoluto: certo. Mas tem um dono, o comprador do espólio da Metalúrgica, que se chama, salvo erro, o Sr. Amaro - que surgiu com a sua empresa na assinatura do protocolo já esquecido (?) com a ex-ministra da Cultura, Isabel Canavilhas.
Conviria, portanto, que o Sr. Amaro estivesse solidário com o projecto em causa.
Quando o enunciado se foca no número de habitantes - uns escassos 3.500 ! - essa referência não pode evitar-nos um tremendo calafrio a percorrer-nos pelo corpo todo. A vila desceu a um patamar muito baixo, para se poder reerguer sem um longo e laborioso trabalho de reabilitação a vários níveis. E não estou a ver a necessária mobilização colectiva de autarcas e fregueses capazes de conduzirem a vila a bom porto: às Barcas ( no plural) como agora foi baptizada nessa recente inauguração bacoca e de grande desperdício de dinheiros, nessa estranha e pomposa denominação: centro de interpretação do Tejo Ibérico!
A localização do Tramagal no Médio Tejo está carente de uma ponte. Já todos sabemos disso. Eu falei imenso disso desde 2003. Portanto, não se pode aceitar que se diga que o Tramagal "ocupa uma posição central no polígono de várias infra-estruturas nacionais". Nem vale a pena lembrar como a Barragem do Castelo de Bode fica a milhas...e sem ponte.
Se com o PUT não se foi além de 200 licenciamentos em sete anos, no meio de informações prévias que ficaram pelo caminho e sem uma única proposta de urbanização, como é que poderemos dizer que agora temos a Revisão do PUT, como garantia de alterações. Referira-se a este propósito, que o ex-candidato à junta pelo BE, Sr. Manito sublinhou com a frontalidade que lhe reconhecemos, como a Comissão de Acompanhamento da Revisão do PUT - indicada pela Junta e Assembleia de Freguesia, como representativa das aspirações dos fregueses - viu todas as suas propostas rejeitadas pela Comissão Municipal de Revisão do PUT. Portanto, a autarquia municipal não está a atender e a respeitar as sugestões dos fregueses. E isso é muito mau!
No resto, falta muita mobilização e falta dimensão à Vila para poder chegar a este objectivo muito estimável. Serão precisos muitos mais "Foruns" como os de 2009.