Um advogado, ainda que de recente militância efectiva e assumida na ficha, para além de dirigente supremo da Mesa da Assembleia de Militantes concelhios e também com assento na Mesa da Assembleia de Militantes da Distrital de Santarém, por uma questão de ética e de respeito devia mostrar maior contenção, em relação aos comentários que tece contra a orientação do governo, quando o CDS faz parte da coligação governamental.
Mais: não devia aproveitar o tema da reestruturação do Mapa Judicial, para vir a público na sua primeira intervenção como dirigente partidário, com a agravante de o fazer, a reboque de um pretenso "estudo" de uma jurista conotada com o PS local.
E aqui num parenteses quanto à conotação da jurista em causa com o PS, não se pode esquecer que a dita advogada foi a escolhida por Nelson de Carvalho para Provedora do Munícipe em acumulação com o cargo que já vinha e continua ainda a exercer de jurista avençada da Câmara Municipal de Abrantes, de maioria socialista, factos que não deixam de ser uma realidade sintomática e incontornável.
Acresce, que os argumentos aludidos no texto publicado no blog da Concelhia do CDS de Abrantes - sublinhe-se o local dessa publicação, como mais uma incoerência política indissociável da razão da crítica aqui expressa - são demasiadamente corporativos e de acentuado interesse particular da própria classe dos juristas. De resto, os cidadãos sabem por experiência própria, que o Tribunal de Abrantes passa por ser um local onde muitos ainda conseguem lembrar-se que nunca lá entraram ou a tê-lo feito, o fizeram meia dúzia de vezes em toda uma longa vida. Facto que mais realça e desmascara os verdadeiros motivos corporativos dessa crítica, por parte de quem vai lá todos os dias ou todas as semanas, por razões meramente profissionais. Essa dezena de advogados - ou pouco mais do que isso - é que poderão sofrer maior incómodo. Nunca aquele cidadão que terá que ir testemunhar uma ou duas vezes num ano, para só voltar a tribunal, daí a não sei quantos anos, Como acontece com a esmagadora maioria dos cidadãos.
Este pormenor tinha que ser bem esmiuçado, para que não nos viessem querer tapar o sol com a peneira. A motivação deste texto do advogado agora também em exercício de cargo de dirigente partidário veio tarde demais, para poder ser encarado com a necessária isenção e com apreço por parte dos munícipes. E isso, marca toda a diferença.
Aliás, a invocação de termos desrespeitosos para com os munícipes também foi coisa que não faltou nesse texto infeliz. O termo "inertes" não é termo para designar com respeito o comum dos cidadãos. Tão pouco a referência aos juízes. Mas isso fica com quem o escreveu.