A coincidência da apresentação do mega projecto em cima da campanha eleitoral tinha que ter os seus custos.
Mais do que o milhão de euros pago pela CMA para comprar o terreno e a boa vontade dos anteriores proprietários, outros prejuízos decorreram. A inexperiência negocial dos autarcas em questão, não podia dar certo. Só não foi recusado liminarmente este projecto, porque há sempre municípes que ainda acreditam no Pai Natal. A proposta era mesmo sedutora, pesem todos os contornos ilusórios em que a mesma assentava.
Um verdadeiro conto do vigário, com os 1.900 novos postos de trabalho, para especialistas naquelas áreas, que pouco ou nada teriam a ver com os 2 600 desempregados actualmente no concelho. mas há sempre quem goste de baralhar as pessoas e jogar com o estado de necessidade dos outros.
Esta situação só comprova a fraca sustentabilidade técnica do aparelho autárquico, demasiado vulnerável a avanços destes mestres na arte do investimento, como é o caso do " Barão Vermelho".
A simultaneidade do projecto com a realização das autárquicas deixou o executivo manietado e ainda mais propenso para alinhar com aquela trapalhada. O negócio tinha tudo, para não dar certo.
Foi o que aconteceu.
Ainda ontem as explicações do " Barão Vermelho" , à SIC-N deixavam perceber muitas debilidades no projecto.
A tecnologia da Siemens não era garantia suficiente. A Siemens ao despedir milhares de funcionários ultimamente, parece vir desmentir o optimismo do Alexandre Alves.
Por outro lado, a afirmação de que a Alemanha é consumidora de mais de metade da energia fotovoltaica utilizada na Europa, também não dá tantas garantias quanto o Barão Vermelho quis demonstrar. E quando o mesmo apontava para o facto de Alemanha só produzir 14 % dessa energia, de que é uma poderosa consumidora, também subsistia outra inquietante questão, a saber:
Se a Alemanha acreditasse tanto na energia fotovoltaica e nos actuais métodos de fabricação, há muito que teria arriscado fazer umas tantas fábricas lá na Alemanha ou no limite, nunca deixaria ficar a RPP Solar - detentora de contrato com a tecnologia Siemens - paralizada e ameaçada de penhoras pelo incumprimento de cerca de 10,5 milhões de euros. Ora este ponto não parece correcto. Mais parece uma história muito mal contada.