João Salgueiro, - que perdeu no Congresso do PSD da Figueira da Foz, a mui disputada liderança do PSD de então, a favor de Cavaco Silva, o tal congressista que por lá apareceu com a mlher, sob o pretexto da dissimulada desculpa bem portuguesinha, de que aproveitou a viagem para fazer a rodagem do seu Citroen novo - propôs empurrar com a barriga, uma solução comesinha, com que pretendeu acabar com o desemprego em Portugal:
- Pôr os desempregados a limpar as matas!
Nada que o CDS não tivesse já andado a congeminar, quando das propostas de programa eleitoral para as Legislativas de 2011, e que eu critiquei.
E cheguei a mandar o recado a Paulo Portas, de que não trouxesse para a minha terra limpadores de matas, tão ou mais fumadores do que ele. Vai-te ganho, que me trazes perda...
A primeira grande medida para proteger a floresta e dignificar a vida e quem investe na floresta, nela trabalha e dela vive ou sobrevive, apesar de tudo, passava por esclarecer exaustivamente, quanto vale um m3 ou estere, de madeira de pinho, de eucaplipto ou de outras espécies existentes nas nossas matas e qual o valor efectivo desse m3 ou estere de madeira, quando transformada em pasta de papel ou quando exportada para o estrangeiro.
Mais: até que ponto, as dificuldades de escoamento da nossa madeira por via das restrições impostas pela comunidade europeia e EUA ao nosso pinho, a pretexto da ameaça do nemátodo, podem ter feito baixar o preço do m3 do pinho, deixando o preço ficar refém do monopólio interno encabeçado pelas indústrias da celulose?
Tudo isto, para se saber se o preço pago ao proprietário e produtor da madeira ppor parte das fábricas de celulose tem alguma coisa a ver com o conceito de preço justo.
Está bom de ver, que o produtor florestal não tem meios de saber até que ponto é que a sua difícil e arriscada produção está a ser deviamente recompensada pelo mercado, onde impera o feroz e lucrativo império monopolizado ou cartelizado pelas poderosas indústrias da celulose.
Diante desta simples equação mercantil, a proposta do Dr. João Salgueiro, que eu estimo e respeito como bom economista, pode cair na banalidade, como quem pretende regredir ao período da escravatura, onde a pretexto do progresso económico da humanidade, se deitou mão ao trabalho de escravos, gerando outras novas oportunidades de negócios, à conta do comércio e tráfico de escravos.
Pegando no conteúdo do sugestivo livro " Porque falham as nações", os seus autores foram unânimes em apontar o dedo à forma como as "instituições" e as regras oriundas dessas entidades se colocam ao serviço do estímulo pela livre iniciativa criativa dos cidadãos e se revelam ou não, na prática, como boas para todos, sem exclusão ou reserva administrativa alguma.
Uma actividade como a florestal que apresenta um valor de exploração anual de cerca de 3 mil milhões de euros, não pode ficar dependente da caridade do voluntariado, para a sua manutenção e limpeza. Nem os seus produtores se recolhessem na realidade bons rendimentos da mesma, deixariam de cuidar dela com todo o entusiasmo que qualquer fonte segura de rendimento merece ser tratada.
É aqui que a porca torce o rabo.
O problema é outro: como senão bastassem os ataques criminosos de toda a espécie de pirómanos que por aí pululam, os produtores florestais só recebem em pagamento da sua produção, como sendo uma "esmola" das celuloses ou dos agentes madeireiros que são cúmplices das celuloses.
Subsiste uma grande mentira a comprometer muita gente que gira à volta ou depende do produto recolhido na floresta. Um produto que mesmo depois de lhe passar o fogo por cima, ainda tem aceitação à porta das fábricas das celuloses.
A madeira ardida não tem o mesmo aproveitamento da madeira virgem. Mas nunca se sabe, se o preço por menos de metade, pago pela madeira "ardida" ou chamuscada em relação ao prço praticado para a madeira sã, não traz benefícios às celuloses no escoamento de certas pastas de papel, que sendo menos nobres não deixam de ter o seu interesse comercial.
Como costumo dizer, não são os matos mais altos ou mais baixos que acendem os isqueiros e iniciam as ignições criminosas, quando o calor do sol desapareceu há muitas horas, já pela madrugada fora.
Não colhe a conversa mole dos ambientalistas de café, de que há que proteger a floresta, quando já com o cu quente e dorido mais o esfregam contra o cadeirão da esplanada, expelindo num múrmurio entre dentes, palavras de desdém cruel contra os proprietários, como só os ferozes marxistas sabem fazê-lo contra a propriedade privada.
Há que criar um paradigma novo. O "lucro" da eliminação do CO2 e o "lucro" da recriação de mais "oxigénio" têm que entrar no preço pago ao produtor florestal.
Um preço digno torna a actividade florestal mais digna e mais sustentada.
Não vale a pena mais conversa mole e mentirosa.