Convenhamos, muito mal iria a democracia, se a mesma se resumisse a termos que ouvir as charadas do Seguro e do Costa.
As "Primárias no PS" são miragem. Desuiludam-se todos. As ditas não passam do "alinhamento" prévio dos barões, a um lado e ao outro. Depois de alinhados, cada barão trata de mobilizar as suas tropas e mostrar "serviço". Isto é, apontar aos seus, "os ganhos" que poderão advir para a respectiva facção, após o acto eleitoral. E as sondagens cimentam as boas vontades do resto dos indecisos.
As "Primárias no PS" são miragem. Desuiludam-se todos. As ditas não passam do "alinhamento" prévio dos barões, a um lado e ao outro. Depois de alinhados, cada barão trata de mobilizar as suas tropas e mostrar "serviço". Isto é, apontar aos seus, "os ganhos" que poderão advir para a respectiva facção, após o acto eleitoral. E as sondagens cimentam as boas vontades do resto dos indecisos.
Ninguém poderia esperar outra coisa, depois de quarenta anos de jogos dentro dos aparelhos partidários, onde a essência democrática "marinou" , na ausência da necessária actuação cívica dos cidadãos, despidos do jacobinismo dos caciques locais e regionais.
Vamos mudar as leis eleitorais e da organização partidária?
Para quê?
Não são os portugueses os mais exímios em contornar as leis?
Há um longo caminho a percorrer, que ninguém ousou apontar. A vida cívica, a discussão dos assuntos importantes para a comunidade nunca fizeram parte da curricula escolar, a partir logo no ensino básico. Nem isso interessava à esquerda, que sempre dominou o aparelho da educação em Portugal. A Fenprof do Sr. Nogueira alguma vez falou dessas coisas com sérios propósitos de regeneração nacional?
De resto, o PCP sempre cultivou essa obediência cega ao caudilho, que pensava no melhor para o povo, dando com oportunidade e precisão estratégicas, as melhores dicas para os slogans berrados pela populaça. O PCP apadrinhou este estado de coisas, que fazem parte da sua natureza de vanguarda revolucionária e no fundo, atestam - e muito! - a sua própria prova de vida.
Na educação, para não copiarmos o modelo mais ousado do ranking mundial - a Finlândia, líder do PISA - afastámos disciplinas que iniciassem os estudantes na economia doméstica, na participação cívica, na cidadania, etc,etc...
Nas freguesias, construímos sedes de autarquias alinhadas num balcão com senhas numeradas para a vez de cada um, e pequenos gabinetes onde nunca poderia caber a discussão dos nossos problemas, na presença de quase todos. No fundo, o que existe é o gabinete do chefe da junta, para receber um a um, os poucos que ainda lá têm entrada garantida.
Fora da junta, só nas reuniões do partido "dono" do respectivo poder local.
No limite, candidatos a DDT nunca faltaram por esse país fora. É tudo uma questão de escala.
Locais onde todos os dias e a todas as horas pudessem chegar os cidadãos para discussões e participações cívicas, segundo módulos temáticos que visassem os assuntos mais determinantes para a vida da terra, é coisa que não existe, como espaço natural e com porta aberta a todos os cidadãos. Quando muito, uns conselhos de secretariados partidários, onde só a facção do chefe partidário tem entrada livre. E, sublinhe-se, através de convocatória por carta ou convite pessoal a certas e determinadas horas, quase sempre pela calada da noite, para adensar ainda mais. o lado misterioso da coisa...
Ora, não será num quadro destes que o país poderá crescer, como um todo. Saem uns rebentos, de facção. E viva a democracia...