A fonte da corrupção no poder local, segundo Paulo Morais, - como ainda ontem na RTP Informação acentuou mais uma vez - reside nos urbanizadores que na ânsia de valorizarem os seus terrenos, logo pensam em subornar os decisores dos licenciamentos e alvarás, que são os autarcas e técnicos municipais.
O termo urbanizadores, suscita no grande público alguma acrimónia. Pese, a abrangência do termo, que vai desde o proprietário do micro terreno onde pretend...e construir o abrigo da sua família, ao pequeno construtor que espreita uma possibilidade de acrescentar uma maior remuneração ao seu investimento, até ao grande promotor imobiliário que quer ver mais lucros, como qualquer investidor que se prese.
Numa palestra sua, a que assisti e intervim, num encontro de autarcas, na última campanha das autárquicas em Sintra, um presidente de junta de uma freguesia do meio rural, lamentava-se de na sua terra a aprovação de uma simples moradia, em espaço já classificado como urbano, poder demorar, por regra, cerca de 5 anos ou mais, quando os prazos legais apontam para cerca de, 30, 45 ou 60 dias.
Nem assim, Paulo Morais percebeu que o presidente de junta acabara de arrasar a sua teoria.
Curiosamente, nunca li ou ouvi Paulo Morais questionar a competência técnica e o excessivo poder de decisão concentrado nos 308 presidentes de câmaras municipais, mais nos 1200 a 1500 vereadores da maioria absoluta dos executivos municipais chefiados por esses presidentes.
A demora relatada, - tão frequente nos 308 municípios do país - veio por a nu toda a tramoia municipal, ao jeito bem português, de quem "cria dificuldades para melhor vender facilidades".
O desgraçado que ficar refém desses decisores, com o dinheiro empatado num terreno e no projecto, a ver as suas economias a minguarem com o decorrer do tempo perdido, mais o pagamento da casa arrendada - a que teve que recorrer, porque tardava o licenciamento, - não lhe restava senão ter de " embarcar" no engodo...