Esta ideia só muito parcialmente é verdadeira. A cultura grega clássica nasceu e cresceu numa região muito mais vasta do que a da Grécia actual. Basta pensar que, se de facto Sócrates, Platão ou Tucídides eram atenienses, Heródoto, o primeiro dos historiadores, era de Halicarnasso (hoje Bodrum, na Turquia); Arquimedes, o matemático, era de Siracusa, na Sícilia; Tales de Mileto, o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia, era de Mileto, hoje na Turquia; Heráclito, o “pai da dialéctica, era de Éfeso, igualmente na Turquia; Aristóteles era de Estagira, que fica hoje na Grécia mas que na época pertencia à Macedónia; Euclides, o “pai da geometria”, era de Alexandria, no Egipto; Pitágoras, o do célebre teorema, se nasceu na ilha grega de Samos, desenvolveu a sua escola em Crotona, uma povoação no sul de Itália; e por aí adiante."
Seguindo este articulista, só falta mesmo concluir por analogia, de que Ronaldo não é português...!
O cronista que escreveu este texto, ainda não percebeu como acabou por corroborar em grande parte, precisamente, a tese do actual governo grego. Muitas das vicissitudes da Grécia partiram da vontade das grandes potências de há 200 anos, - Reino Unido, França e Rússia - quando a "libertaram" do domínio Otomano, e lhe deram um rei, que até esteve para ser o nosso D. Pedro IV, do "grito do Ipiranga" no Brasil.
Convenhamos, que a própria CE, nos últimos 30 ...anos não soube fazer melhor.
Facto que obrigava o articulista ao primeiro gesto de ponderação, ( logo dele, que por sinal é muito ouvido em Belém, já desde o tempo do "demitido" chefe de gabinete de Cavaco) que podia ter passado por creditar à Grécia, não tanto a ligeireza da adesão consentida pela CEE, na altura, mas essencialmente, a grosseira irresponsabilidade da CE, em mais tarde a admitir na Zona Euro, apesar de todas as vicissitudes sobejamente conhecidas.
Facto que obrigava o articulista ao primeiro gesto de ponderação, ( logo dele, que por sinal é muito ouvido em Belém, já desde o tempo do "demitido" chefe de gabinete de Cavaco) que podia ter passado por creditar à Grécia, não tanto a ligeireza da adesão consentida pela CEE, na altura, mas essencialmente, a grosseira irresponsabilidade da CE, em mais tarde a admitir na Zona Euro, apesar de todas as vicissitudes sobejamente conhecidas.
Até o exemplo que o articulista dá da oposição da Grécia à entrada de Portugal e Espanha na CEE, em 1986, já revela o amadorismo da União Europeia, por não ter sabido acautelar todo e qualquer hipotético "embargo" grego, a novas adesões.
Mas que esperar de um articulista que se perdeu em pormenores geográficos de mera disputa bairrista, querendo negar que algumas das grandes figuras da Civilização Helénica tenham nascido ou vivido todo o sempre na Grécia, apontando outra origem na ilha ao lado ou num espaço hoje pertença da Turquia, indo até à negação gratuita de qualquer herança grega, a quem nasceu na "longínqua" Alexandria ou na Sicília.
É muita presunção do articulista querer com a exclusão da Grécia, dar o caso por encerrado, quando no mesmo texto acaba por corroborara nas desigualdades que a União Europeia não soube resolveu com a inclusão não só da Grécia, como de Portugal, num convívio desguarnecido com outros países, como a Holanda e a Finlândia.
Portanto, antes do problema grego, há o magno problema da natureza da própria União Europeia, onde também se inclui Portugal, pese a pouca atenção aparentemente dada, por Passos Coelho, a essa circunstância.