Em 1976, os Serviços Municipalizados de Abrantes ainda acreditavam na "bondade" dos furos no Taínho e da fonte inesgotável que advinha do rio Tejo, continuando de costas voltadas para a albufeira, entretanto projectada nos anos de 1940, sob a orientação ministerial do Engº Duarte Pacheco.
Quando em 1976, a Grande Lisboa já havia decidido lançar a conduta denominada pela CREL da Água, desde o Castelo de Bode até à capital.
Só em 2001 avançaram as obras da captação da albufeira na Cabeça Gorda ( cota 250 m de altitude ), quando em 1990, já estava em curso a captação da Portela/Colmeal, nas Fontes, com os reservatórios à volta do Adro da Igreja local, ( cota 300 m de altitude ). Basta verificar que o Castelo de Abrantes está na cota 199 m de altitude acima do nível médio das águas do Oceano Atlântico e o espelho e água do açude do Aquapolis ronda a cota dos 24 metros, para se perceber quanto desnível natural foi desprezado, no que poderia ser a maior rede de abastecimento municipal, alargada inclusive ao Sardoal e ao Mação, concelhos com graves deficiências de abastecimento de água.
Já agora, também merece ser questionada a ausência grosseira de um número considerável de bocas de incêndio e de tanques em betão para reservatório e enchimento de água nos combates aos incêndios florestais, quando Abrantes, Sardoal e Mação estão entre os doze concelhos com maior área florestal ardida nos últimos 30 ou 40 anos. Estranha ausência diante destes dois percursos da rede de captação de água na albufeira e que cruzam uma faixa importante da área florestal da região.
Como é que se pode falar em desenvolvimento municipal e em mais "serviços públicos" para fixar mais postos de trabalho e populações na região, se os próprios municípios não trataram de assegurar um desenvolvimento de cuidados básicos, apontados à qualidade de vida dos cidadãos?
A desertificação começou na incúria da elite municipal, que se apropriou de um poder local para o qual não tem a mínima competência para lhe dar o uso adequado.