Uma traquinice de um autor useiro e vezeiro em deturpar a "História" local, sem a isenção e o distanciamento suficientes, para poder apresentar um trabalho, ainda que imperfeito, mas absolutamente mais sério e credível.
Uma estranha forma de fazer história, apenas alguns nomes da Família , deixando outros nomes fora... por mesquinhez...!
Começa com frase sobre a "Família Baptista" , (...) " No Souto houve mesmo um padre com o apelido Batista".
Uma grosseira imprecisão. Uma trapalhada.
O Reverendo Padre José dos Santos Baptista, que a Revista "Zhara" em 2008 mencionou como um lutador contra a invasão francesa de 1807 a 1813, deu conta de uma carta que enviou à vereação em 2015, onde acusava a existência de corpos de mortos em muitos caminhos e terras da freguesia do Souto, sem que as autoridades municipais tomassem as medidas necessárias, para remediar esse flagelo.
O Reverendo Padre José dos Santos Baptista nunca esteve à frente da Paróquia do Souto. Foi professor no Seminário do Fundão, com há documentos a assinalar o seu nome como um dos docentes do mesmo.
Conforme li nos Livros dos Assentos da Paróquia de S. Silvestre do Souto, em 2003 e nos anos seguintes, arquivados na Torre do Tombo, - como de resto dei conta, em tempos, neste blogue - apenas se registam as celebrações de missas em casamentos e baptizados na Igreja Matriz do Souto, geralmente de familiares do dito Padre, por sinal quase todos com apelidos Baptista.
Outra frase no parágrafo seguinte insiste em novo erro, quando o autor escreve:
" O nosso antepassado João Rodrigues Batista ( admitimos ser esta a primeira geração dos Batistas) casou com Maria de Jesus Batista e foram os pais de nove filhos (...)"
Os erros:
1º - a esposa não recebeu o apelido "Batista" como de resto não era comum na época;
2º - Não tiveram nove filhos, mas sim 11, como dá conta o livro de assentos existente na Paróquia do Souto - dois deles morreram, após a nascença, ou com tenra idade, tanto que um destes ainda obteve o nome Francisco. - nome que veio a ser dado ao nascituro seguinte, que foi o Francisco Rodrigues Baptista, meu bisavô e irmão da Maria da Conceição Baptista, bisavó do autor Traquina;
3º - O autor só indica seis dos nove nomes, faltando portanto o nome de Francisco Rodrigues Baptista, meu bisavô, pedreiro, comerciante no Adro (taberna) e moleiro, que foi sócio do bisavô do autor, o José Curto, da Atalaia, em muitas obras de construção de paredes em pedra e taipa, de que eram exímios especialistas;
4º - Faltou ainda o nome da Maria do Carmo Baptista, salvo erro do Fundo da Aldeia e do filho mais novo do trisavô João Rodrigues Baptista e de Maria de Jesus, o Joaquim Rodrigues Baptista, que foi casado com uma senhora de apelido Páscoa, da Ribeira da Brunheta, que foram pais da Carma da Páscoa, da Inácia da Páscoa e da Tomázia da Páscoa - todas solteiras - e da Beatriz Páscoa, casada com Joaquim Ferreira ( de alcunha o Gordo) completando-se assim, os nove filhos sobrevivos;
5º - O primeiro Baptista foi MANUEL BAPTISTA, natural da Malhada, ( uma povoação do outro lado da Ribeira de Codes, em frente a Água das Casas, já no concelho de Vila de Rei ) que trouxe do seu primeiro casamento o futuro Padre José dos Santos Baptista e no seu segundo casamento com uma Maria Teresa de Jesus, do Souto, viriam a ter um segundo filho, MILITÃO dos SANTOS BAPTISTA, meu tetra-avô e também tetra avô do autor Traquina, que foi sacristão na Igreja do Souto, por volta de 1820, tendo ainda uma filha Genoveva Baptista, que casou com o Padre João Baptista de Castro, que entretanto, renunciou ao sacerdócio;
6º - Este casal, Genoveva Baptista e Padre João Baptista de Castro não tiveram filhos, mas curiosamente, aparecem sempre ligados aos baptizados dos onze filhos dos sobrinhos João Rodrigues Baptista e Maria de Jesus, na qualidade de testemunhas ou padrinhos;
7º - É a este casal de posses, que o meu avô Martinho Rodrigues Baptista designava pelo "Tio Padre" e ao qual atribuía a origem de muitos bens terrenos, e de que herdaram algumas terras no Souto;
8º - Sendo certo, que do Padre José dos Santos Baptista - quiçá deixada ao casal Genoveva e Padre João Baptista de Castro - também a família Baptista herdou uma fazenda comprada em hasta pública em leilão levado a cabo pelo governo liberal, em 1834 , que ia da Horta da Fonte à Gafaria, ainda hoje em posse de muitos membros da família Baptista.
MAIS IMPRECISÕES E OMISSÕES ( somente no que respeita à Família Baptista) :
a) Dos filhos do trisavô João Rodrigues Baptista e de Maria de Jesus assinale-se que o filho João estudou no Sardoal - um percurso feito a pé e com a bolsa de livros às costas - e mais tarde, no Seminário do Fundão, acabando em professor em Constância, dai a alcunha do "Tio João Borda D`Água ";
b) O outro filho, António Rodrigues Baptista foi chefe da Estação Ferroviária do Entroncamento e mais tarde de Braço de Prata, possuindo uma vivenda na Estrada de Benfica, quase às Portas de Benfica, onde reunia muitos familiares e pessoas influentes da época, nos habituais almoços de domingo, a que o meu avô, ainda jovem e quando trabalhava em Lisboa era um dos muitos convidados, sublinhando o facto de ser muito lisonjeado pelos tios, demais senhoras e meninas, como o "primo da província", que nunca deixava os seus créditos por mãos alheias, nos cantares à volta do piano lá da sala, tocado quase sempre pela prima Alice, filha do Manuel Rodrigues Baptista, um influente maçónico da época e funcionário das Finanças;
c) O António Rodrigues Batista terá sido em simultâneo com o pai, membro da Junta de Freguesia, o pai como secretário e vice-presidente e o filho como regedor, ainda muito novo - o António era conhecido pela alcunha do " Tonho do Sacristão", numa alusão clara ao avô Militão;
d) Uma das atribuições do autarca João Rodrigues Baptista teve a ver com os registo das propriedades e a inscrição matricial da época da grande Reforma de Mouzinho da Silveira, o que lhe valeu franca hostilidade dos paroquianos do Souto, acabando por morrer muito novo, por desgosto;
e) No dia do funeral do autarca João Rodrigues Baptista houve quem seguisse no cortejo fúnebre a tocar banjo e a bater em latões com cânticos canalhas, apelidando-o de "ladrão", por ter inscrito as terras dos paroquianos no fisco.
f) Assinale-se a omissão de um "episódio " bastante divertido praticado pelo Martinho Galérias à saída da missa, cuja Igreja, como bom militante maçónico queria ver "destruída" e despojada dos apetrechos religiosos, incitando a populaça a entrar e destruir tudo. Este gesto era feito levando as suas três filhas bem seguras pelas mãos, ao que a cada sinal de avanço do pai incitando a populaça a avançar, imediatamente se seguia a repreensão deste às filhas, para que elas ficassem quietas e se chegassem para trás. E lá voltava ele a incitar a populaça, amos, vamos avancem e novamente puxava as três filhas entusiasmadas e delirantes para que ficassem quietas.