No ANO III deste blog, nada mais natural do que trazer a este blog as experiências destas três últimas campanhas eleitorais autárquicas em que participei (2001-2005-2009), nº 3 na lista PSD à CMA na primeira, e cabeça de lista do CDS nas duas que se seguiram. Experiências de quem é hoje em dia, um dos poucos participantes, ainda em actividade política.
Um dado a realçar: a contatação de como a indiferença dos eleitores tem crescido a par do desconhecimento do que representa a vida da câmara, para lá do arranjo das estradas e da falta de emprego, a par da ostensiva indiferença de julgamento, de quem não parece apercerber-se de que os gastos municipais podiam ser outros, mais equilibrados e mais identificados com as carências locais.
O "eles é que sabem" e o " é lá com eles", e "o não quero nada com a política", são frases demasiado perigosas, pela resignação de quem já abdicou da cidadania.
Por outro, a ideia redutora de que as necessidades passam pela melhoria das estradas e por mais empregos, conduz a soluções eleitoralistas que se renovam sempre em vésperas das eleições, com as firmas empreiteiras a capricharem no betuminoso, para contento fácil do eleitorado despido de outras exigências de elevada qualidade de vida.
E como a falta de emprego é coisa que percorre todo o mundo, nada como condescender na inevitabilidade da reeleição dos mesmos. Porque sendo o alheamento das realidades o que é, boa por parte dos munícipes não olham para mais nada que não seja o umbigo próprio. E os actores políticos da oposição, sempre a correrem atrás do prejuízo, que o poder socialista soube armadilhar em proveito próprio.
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Sem regras, sem a obrigatoriedade de encontrar soluções e de promover as melhores ideias e de pugnar pelas actuações mais equilibradas e empolgantes, qualquer que fosse o resultado, a vitória seria sempre de quem soubesse e pudesse angariar mais votos e nunca de quem mostrasse melhores propostas a mais baixo custo económico e social.
Mais: uma estratégia destas, será sempre cruel, anti-democrática e déspota, carecendo do necessário branqueamento político para subsistir. A subsistência tem sido assegurada através dos meios mais adequados: o "marketing" político via comunicação social. E a comunicação social prestou-se, com demasiada submissão, a esses propósitos do chamado poder local. Dirigem, escrevem e editam nos media locais, demasiadas pessoas ligadas ao poder municipal do PS, para se aceitar a informação local como credível e pluralista.
Estranho poder local, que no caso de Abrantes, em 35 anos, - salvo o consulado de Humberto Lopes pouco demarcado do PS, até pela sua condição de minoritário, - já soma 31 anos , de executivos maioritários do PS, qualquer coisa que nos lembra de imediato, esta singular equiparação ao municipalismo dos 48 anos do Estado Novo.
Situação que quanto aos presidentes de junta faz da lembrança um perfeito decalque: quinze presidentes de junta eram das listas do PS, num universo municipal de dezanove freguesias.
Mais: sabendo-se que os candidatos do PS foram todos escolhidos a dedo pelo directório socialista local, facilmente atingimos a medida exacta, da pusilânime atracção do voto paroquial, em razão do poder municipal vigente.
Paradoxalmente, foi o PSD o maior partido da oposição, quem mais se esforçou para escamotear o logro desta ignomínia eleitoral nas paróquias, concorrendo em todas as freguesias, como quem corre atrás do prejuízo. Com efeito, a sua acção alienatória, - com declarações triunfalistas por serem os únicos ao lado do PS em todas as dezanove freguesias - mais não suscitou, do que o branqueamento da perniciosa manipulação do PS, servindo de fraco consolo as vitórias em Rio de Moinhos e no Souto. No limite, foram as excepções a confirmarem a regra.
.
Os partidos da oposição em Abrantes, tardam em promover e descobrir os necessários antídotos. Teimam em acreditar, que ainda é possível fazer escolhas de pessoas, independentemente, do peso dos partidos, ao mesmo tempo que permitiram que se instalasse na sociedade, a perigosa e mal aferida ideia de que as iniciativas de grupos de cidadãos “independentes” poderiam trazer as soluções para o concelho, protagonizadas por pessoas desavindas com os partidos do poder onde participaram sempre, até ao momento em que não lhes concederam a promoção que muito democraticamente julgaram ser pertença sua, como se de herança indivisível se tratasse.
Apurados os resultados das votações, o PS obteve 15 vitórias e o PSD 2 vitórias, nas mesmas 19 freguesias ( as outras duas foram repartidas pela CDU e "Independentes"). Não há que mudar de candidatos. Há é que valorizar a cidadania segundo padrões éticos e eliminar os comportamentos viciados do caciquismo local.
Alguém já falou nisso, ao fim destes 35 anos?!
Enquanto os partidos da oposição não fizerem uma cruzada contra esses e outros abusos do caciquismo mais retrógrado, não há democracia séria, nem cidadania livre. As eleições serão sempre fruto dos embustes, que o voto de cabresto determina.
O poder municipal socialista nada mudou e as oposições nada fizeram em acção consertada. A única coisa que o principal partido da oposição soube fazer, foi imitar o PS, indo convidar pessoas dos vários quadrantes políticos, desde o Bloco ao CDS. Engraçado e curioso, como o PSD se esqueceu de ir convidar pessoas ao PS...
É pois necessário e premente, todo um esforço concertado e pedagógico das oposições, para saberem debater entre si em locais públicos de grande notoriedade, os problemas reais, com elevada postura de cidadania.
Os debates no Tramagal e no Teatro de S. Pedro, entre os seis candidatos à câmara provaram como esse debate é possível decorrer com elevação. Cabe aos partidos da oposição arrastar a população para a motivação e a participação na vida local, sob pena de desacreditar o pluralismo democrático e perpetuarmos no poder local, a mais jacobina plutocracia do corporativismo socialista.
(continua)
Por outro, a ideia redutora de que as necessidades passam pela melhoria das estradas e por mais empregos, conduz a soluções eleitoralistas que se renovam sempre em vésperas das eleições, com as firmas empreiteiras a capricharem no betuminoso, para contento fácil do eleitorado despido de outras exigências de elevada qualidade de vida.
E como a falta de emprego é coisa que percorre todo o mundo, nada como condescender na inevitabilidade da reeleição dos mesmos. Porque sendo o alheamento das realidades o que é, boa por parte dos munícipes não olham para mais nada que não seja o umbigo próprio. E os actores políticos da oposição, sempre a correrem atrás do prejuízo, que o poder socialista soube armadilhar em proveito próprio.
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Sem regras, sem a obrigatoriedade de encontrar soluções e de promover as melhores ideias e de pugnar pelas actuações mais equilibradas e empolgantes, qualquer que fosse o resultado, a vitória seria sempre de quem soubesse e pudesse angariar mais votos e nunca de quem mostrasse melhores propostas a mais baixo custo económico e social.
Mais: uma estratégia destas, será sempre cruel, anti-democrática e déspota, carecendo do necessário branqueamento político para subsistir. A subsistência tem sido assegurada através dos meios mais adequados: o "marketing" político via comunicação social. E a comunicação social prestou-se, com demasiada submissão, a esses propósitos do chamado poder local. Dirigem, escrevem e editam nos media locais, demasiadas pessoas ligadas ao poder municipal do PS, para se aceitar a informação local como credível e pluralista.
Estranho poder local, que no caso de Abrantes, em 35 anos, - salvo o consulado de Humberto Lopes pouco demarcado do PS, até pela sua condição de minoritário, - já soma 31 anos , de executivos maioritários do PS, qualquer coisa que nos lembra de imediato, esta singular equiparação ao municipalismo dos 48 anos do Estado Novo.
Situação que quanto aos presidentes de junta faz da lembrança um perfeito decalque: quinze presidentes de junta eram das listas do PS, num universo municipal de dezanove freguesias.
Mais: sabendo-se que os candidatos do PS foram todos escolhidos a dedo pelo directório socialista local, facilmente atingimos a medida exacta, da pusilânime atracção do voto paroquial, em razão do poder municipal vigente.
Paradoxalmente, foi o PSD o maior partido da oposição, quem mais se esforçou para escamotear o logro desta ignomínia eleitoral nas paróquias, concorrendo em todas as freguesias, como quem corre atrás do prejuízo. Com efeito, a sua acção alienatória, - com declarações triunfalistas por serem os únicos ao lado do PS em todas as dezanove freguesias - mais não suscitou, do que o branqueamento da perniciosa manipulação do PS, servindo de fraco consolo as vitórias em Rio de Moinhos e no Souto. No limite, foram as excepções a confirmarem a regra.
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Os partidos da oposição em Abrantes, tardam em promover e descobrir os necessários antídotos. Teimam em acreditar, que ainda é possível fazer escolhas de pessoas, independentemente, do peso dos partidos, ao mesmo tempo que permitiram que se instalasse na sociedade, a perigosa e mal aferida ideia de que as iniciativas de grupos de cidadãos “independentes” poderiam trazer as soluções para o concelho, protagonizadas por pessoas desavindas com os partidos do poder onde participaram sempre, até ao momento em que não lhes concederam a promoção que muito democraticamente julgaram ser pertença sua, como se de herança indivisível se tratasse.
Apurados os resultados das votações, o PS obteve 15 vitórias e o PSD 2 vitórias, nas mesmas 19 freguesias ( as outras duas foram repartidas pela CDU e "Independentes"). Não há que mudar de candidatos. Há é que valorizar a cidadania segundo padrões éticos e eliminar os comportamentos viciados do caciquismo local.
Alguém já falou nisso, ao fim destes 35 anos?!
Enquanto os partidos da oposição não fizerem uma cruzada contra esses e outros abusos do caciquismo mais retrógrado, não há democracia séria, nem cidadania livre. As eleições serão sempre fruto dos embustes, que o voto de cabresto determina.
O poder municipal socialista nada mudou e as oposições nada fizeram em acção consertada. A única coisa que o principal partido da oposição soube fazer, foi imitar o PS, indo convidar pessoas dos vários quadrantes políticos, desde o Bloco ao CDS. Engraçado e curioso, como o PSD se esqueceu de ir convidar pessoas ao PS...
É pois necessário e premente, todo um esforço concertado e pedagógico das oposições, para saberem debater entre si em locais públicos de grande notoriedade, os problemas reais, com elevada postura de cidadania.
Os debates no Tramagal e no Teatro de S. Pedro, entre os seis candidatos à câmara provaram como esse debate é possível decorrer com elevação. Cabe aos partidos da oposição arrastar a população para a motivação e a participação na vida local, sob pena de desacreditar o pluralismo democrático e perpetuarmos no poder local, a mais jacobina plutocracia do corporativismo socialista.
(continua)