Não sei mesmo se os 6 600 votos que obteve um dia, - numa candidatura que eu muito combati, ingloriamente dirão, depois de lhe conhecer estas e outras facetas sectárias - lhe dão uma superioridade "moral" para me afrontar ou no limite, negar ao menos, o meu direito à indignação, não sei?!
Afinal o que é que falta para subscrever a dita "reforma agrária" do Gonçalvismo?
E o que fazer com os antigos proprietários das terras? Deixá-los à porta da rua a verem os novos locatários a trabalharem com os novos incentivos do Estado, que sempre lhes negaram a eles, com a omissão do Estado desde Abril?
Quando se transpõe este "pensamento" para a ausência de saneamento desde sempre na Aldeia de Mato e em quase todo o Souto ( só a sede da freguesia, 1/3 da população da freguesia, quando muito, é que têm esgotos) e se constata a"lembrança" do mesmo em 2009, em cima da "Bandeira Azul" da praia fluvial e já com a Captação da Cabeça Gorda a laborar há sete anos, se vê que, se não fossem essas duas novas situações, as gentes dessas duas freguesias acabavam os seus dias sem verem esgotos...
Afinal há uma "reseva mental" ideológica, quer no PDM, quer no modelo de "apagão" dessas terras e de repúdio dessas gentes. Gentes que votaram muito no PSD local, sublinhe-se!
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Aqui fica o excerto:
«#045 O regresso aos campos
O que vou dizer pode ser fracturante e até mal entendido.
Vamos por partes.
O interior está despovoado, certo?
Todos desejaríamos um interior do país com mais pessoas, certo?
Não se conseguiu ainda encontrar a fórmula para que isso possa acontecer de modo natural, certo?
As florestas e matas estão ao abandono e muitos dos proprietários não estão nada interessados em cuidar das mesmas, antes contribuindo para aumentar os riscos de incêndio, certo?
O país afunda-se na necessidade de ser cada vez mais social e mais protector face aos que menos têm, certo?
Tudo isso tem custos financeiros e económicos que se projectam para o futuro a muito longo prazo, certo?
Se tudo isto for certo, porque não adoptar uma política de proporcionar aos que são apoiados pelo Estado, famílias inteiras que vivem do Estado Social, a oportunidade de serem 'donos' do seu pedaço de terra no interior?
Se calhar é tempo de mexer nas leis da propriedade fundiária e redistribuir as mesmas, as que estiverem manifestamente abandonadas, junto daqueles que, ainda que continuando a receber transitoriamente apoios do Estado se dediquem a recuperar o campo, a cuidar das matas, a efectuarem investimentos na produção de hortículas, de fruta, diminuindo a nossa dependência em produtos do sector primário face ao exterior?
Mas não. Não é isso que acontece. O Estado dá e as pessoas escolhem ser apoiadas preferindo, ainda assim pouco ou nada fazerem para mudarem a sua condição de vida.
Não falo em coagir, falo em propor acordos, falo em convidar pessoas que são úteis, que estão saudáveis, que apenas a sorte não escolheu para orientarem a vida, para que possam regressar ao interior, em condições de comodato de terreno a longo prazo, depois de a posse de algumas propriedades ser retirada a proprietários negligentes ou que, por razão económica, não possam mais continuar a manter em bom estado de limpeza e uso as suas propriedades, integrando as mesmas no património do Estado.
O Estado seria o dono, os beneficiários da solidariedade pública seriam os visados com esta medida e teriam a posse do terreno, em comodato, a 20, 30, 40 ou mesmo 50 anos.
O país ganharia produção agrícola e os apoios dos fundos comunitários chegariam ao seu destino, modernizado e equipando novas estruturas de produção.
O sector cooperativo ganharia novo fôlego.
As escolas abandonadas ganhariam novos alunos.
As aldeias desertas aumentariam a sua população.
A floresta estaria melhor cuidada e os riscos de incêndio seriam menores.
Os aderentes poderiam até ter os seus apoios sociais majorados.
Mas, para isso, urge fazer uma reforma da lei da propriedade privada. Esta é a minha visão à esquerda, se quiserem. Mas não acho mesmo nada que se deva manter tudo como está. Porque já se provou que os resultados são maus, catastróficos. O interior desaparece e nas grandes concentrações urbanas prosperam caldos de cultura muito diferenciados, originando guetos, crise social, conflitos, violência, marginalidade e a instauração de um ambiente terceiro-mundista, lado a lado com a opulência e a ostentação dos grandes loteamentos e condomínios.
Certezas não tenho, nem sequer a de ter alguma ponta de razão. Mas aqui deixo uma das possíveis leituras e uma das possíveis soluções.
Publicada por Pedro Marques»
O que vou dizer pode ser fracturante e até mal entendido.
Vamos por partes.
O interior está despovoado, certo?
Todos desejaríamos um interior do país com mais pessoas, certo?
Não se conseguiu ainda encontrar a fórmula para que isso possa acontecer de modo natural, certo?
As florestas e matas estão ao abandono e muitos dos proprietários não estão nada interessados em cuidar das mesmas, antes contribuindo para aumentar os riscos de incêndio, certo?
O país afunda-se na necessidade de ser cada vez mais social e mais protector face aos que menos têm, certo?
Tudo isso tem custos financeiros e económicos que se projectam para o futuro a muito longo prazo, certo?
Se tudo isto for certo, porque não adoptar uma política de proporcionar aos que são apoiados pelo Estado, famílias inteiras que vivem do Estado Social, a oportunidade de serem 'donos' do seu pedaço de terra no interior?
Se calhar é tempo de mexer nas leis da propriedade fundiária e redistribuir as mesmas, as que estiverem manifestamente abandonadas, junto daqueles que, ainda que continuando a receber transitoriamente apoios do Estado se dediquem a recuperar o campo, a cuidar das matas, a efectuarem investimentos na produção de hortículas, de fruta, diminuindo a nossa dependência em produtos do sector primário face ao exterior?
Mas não. Não é isso que acontece. O Estado dá e as pessoas escolhem ser apoiadas preferindo, ainda assim pouco ou nada fazerem para mudarem a sua condição de vida.
Não falo em coagir, falo em propor acordos, falo em convidar pessoas que são úteis, que estão saudáveis, que apenas a sorte não escolheu para orientarem a vida, para que possam regressar ao interior, em condições de comodato de terreno a longo prazo, depois de a posse de algumas propriedades ser retirada a proprietários negligentes ou que, por razão económica, não possam mais continuar a manter em bom estado de limpeza e uso as suas propriedades, integrando as mesmas no património do Estado.
O Estado seria o dono, os beneficiários da solidariedade pública seriam os visados com esta medida e teriam a posse do terreno, em comodato, a 20, 30, 40 ou mesmo 50 anos.
O país ganharia produção agrícola e os apoios dos fundos comunitários chegariam ao seu destino, modernizado e equipando novas estruturas de produção.
O sector cooperativo ganharia novo fôlego.
As escolas abandonadas ganhariam novos alunos.
As aldeias desertas aumentariam a sua população.
A floresta estaria melhor cuidada e os riscos de incêndio seriam menores.
Os aderentes poderiam até ter os seus apoios sociais majorados.
Mas, para isso, urge fazer uma reforma da lei da propriedade privada. Esta é a minha visão à esquerda, se quiserem. Mas não acho mesmo nada que se deva manter tudo como está. Porque já se provou que os resultados são maus, catastróficos. O interior desaparece e nas grandes concentrações urbanas prosperam caldos de cultura muito diferenciados, originando guetos, crise social, conflitos, violência, marginalidade e a instauração de um ambiente terceiro-mundista, lado a lado com a opulência e a ostentação dos grandes loteamentos e condomínios.
Certezas não tenho, nem sequer a de ter alguma ponta de razão. Mas aqui deixo uma das possíveis leituras e uma das possíveis soluções.
Publicada por Pedro Marques»