O centro da discusão não era um novo quartel, ainda por cima como prova de mera vaidade, coisas inadmissíveis em sede de protecção civil.
A discussão devia ser a defesa de mil milhões de euros em árvores de corte na floresta, e a protecção de mil milhões de euros em prédios de habitação e outros, passíveis de serem incendiados pelo arrastar das chamas da floresta logo nas aldeias rurais e de seguida, nos próprios centros urbanos da cidade.
Retirar o Quartel dos Bombeiros do centro histórico da cidade, - uma atitude contrária ao que vem defendendo a própria autarquia em prole da dinamização desse centro histórico - quando havia terrenos nas traseiras e ao longo da Avª Defensores de Chaves suficientes para um aumento e modernização das instalações, como o tão propalado gabinete de crise e as salas de formação, foi um erro grosseiro.
Por outro lado, não se percebe nem se aceita como bom, a compra por um milhão de euros desse terreno da ex-Cervinal, onde a recuperação dos velhos pavilhões ficaram mais caros do que fazer de novo, quando a autarquia era dona de 22.000 m2 (dados mais tarde para a famosa Clínica Ofélia) nas traseiras do antigo quartel, para além de outros imensos terrenos, inclusivé em S. Lourenço e junto ao Parque Desportivo Municipal, ou até no campo do Barro Vermelho.
Acresce, que a construção de novo quartel obrigava a reformular toda a estratégia da protecção civil, e em vez de um quartel novo, havia que estudar a implantação de outras três pequenas unidades de intervenção com a proximidade ideal aos hipotéticos cenários de ignição na vasta área municipal dos 701 km2.
O objectivo seria sempre preparar os melhores meios de combate aos incêndios e nunca a vaidade de ter uma obra nova a qualquer preço. Hoje, subsiste a grave lacuna de termos um quartel novo, sem o concurso dessas três unidades de intervenção, uma a norte e duas a sul do concelho, num rácio de operacionalidade por demais evidente, face ao mosaico florestal existente e à disposição do edificado urbano pelo concelho.
A Protecção Civil não fez o trabalho de casa, nem pensou em defender o todo municipal. Ora essas negligências pagam-se caro. Há toda uma defesa municipal que foi posta em causa. Foi desbaratada. Abrantes ficou ainda mais desprotegida.