«Há muito que a Academia Sueca lhe devia um Nobel. O peruano Mário Vargas Llosa, de 74 anos, estava em Manhattan quando recebeu a notícia de forma inesperada: um telefonema madrugador, pelas 5h30, atendido pela mulher. "Estão a ligar, mas não percebi muito bem do que se trata", disse-lhe. Numa entrevista dada pouco depois, Llosa confessava a sua surpresa: "Fiquei a pensar se não seria brincadeira de um amigo. Continuo atordoado com a notícia", reagiu o peruano, que hoje vê finalmente saldadas as suas contas com a academia, depois de mais uma reviravolta inesperada nas contas dos especialistas.
Vargas Llosa, que estava na linha da frente para o galardão há vários anos, competia com nomes igualmente grandiosos, como o dos americanos Philip Roth e Cormac McCarthy, do japonês Haruki Murakami e do queniano Ngugi wa .
Com a decisão tomada desde anteontem, a Academia justificou a atribuição com uma escrita "que faz a cartografia das estruturas do poder", elogiando-o pelas "imagens mordazes da resistência, da revolta e dos fracassos do indivíduo".
Nelson Matos, que durante anos publicou os seus livros em Portugal, considerou a atribuição "inteiramente merecida", ainda que tenha "tardado" a chegar. "Há bastante tempo que se esperava", disse o editor, que teve o privilégio de privar pessoalmente com o novo Nobel da Literatura. "É um homem que pode parecer vaidoso, mas é uma pessoa normal, com quem é fácil conversar, principalmente se a conversa for sobre literatura, que é o que ele mais ama."
Homem de sete ofícios Mario Vargas Llosa nasceu no Peru há 74 anos. Casou com uma tia e desde os 16 anos que se sustenta a si próprio. Trabalhou numa biblioteca, num cemitério, e chegou às letras quando se tornou jornalista. Estudou em Espanha e viveu na Europa durante largos anos - em Paris e Londres -, onde foi professor universitário. A sua escrita foi desde sempre acompanhada por posições políticas bem vincadas. Chegou a ser candidato à presidência do Peru.
Como intelectual e escritor foi fortemente influenciado pelo existencialismo do filósofo francês Jean Paul Sartre e também pela obra do norte-americano William Faulkner. Há muito que o Prémio Nobel lhe fugia. No dia 10 de Dezembro vai receber da mão do rei da Suécia os três objectos que valem o galardão: uma medalha, um diploma e o documento que confirma o valor monetário, superior a um milhão de euros. Diz apenas esperar "sobreviver ao Nobel".» no "i"
Como intelectual e escritor foi fortemente influenciado pelo existencialismo do filósofo francês Jean Paul Sartre e também pela obra do norte-americano William Faulkner. Há muito que o Prémio Nobel lhe fugia. No dia 10 de Dezembro vai receber da mão do rei da Suécia os três objectos que valem o galardão: uma medalha, um diploma e o documento que confirma o valor monetário, superior a um milhão de euros. Diz apenas esperar "sobreviver ao Nobel".» no "i"
