A candidatura de Santana Maia, como o próprio vem ultimamente revelando nunca foi bem aceite pelos "donos do PSD" cuja prática tortuosa já remonta aos anos 1990, quando conseguiram evitar a recandidatura do então presidente de câmara, Humberto Lopes. Soubémos agora, pela entrevista dada ao "Nova Aliança", de que a ideia em meados de 2008 era apoiarem Belém Coelho, e não Santana Maia, uma escolha feita por Gonçalo Oliveira, hoje desaparecido do sistema, e que só agora vem o seu nome referenciado por Santana Maia. Gonçalo Oliveira fez-me uma abordagem para uma coligação, onde o candidato a nº 4 da lista à Câmara indicado pelo CDS não fosse eu próprio. Ironizei. Com que então o PSD já se arrogava no direito de escolher o candidato a indicar pelo CDS, e o veto ao meu nome, como não podia deixar de ser, denunciava as dificuldades de fazer uma lista na "assembleia magna" da Rua de S. Pedro. E ironia das ironias, o nº 3 da lista do PSD de 2001, já nem como nº 4 pelo CDS poderia concorrer em lista de coligação, o que não deixava de ser caricato.
Nessa altura ( meados de 2008) ainda não era conhecida a intenção de Nelson de Carvalho desistir de se recandidatar, facto só conhecido, em 12 de Janeiro de 2009, e que poderá ter estado ligado a um auto instrutório de acusação, apresentado ao próprio pela PJ em 8 de Janeiro de 2009 - documento que me foi dado ver, quase dez meses depois, em Outubro de 2009, mas que Santana Maia já teria conhecimento, pelo menos desde Maio de 2009, pois foi iniciado ou instruído um processo saído do seu próprio escritório de advogados, que tinha a ver com actos alegadamente, apontados nessa acusação instrutória, a Nelson de Carvalho.
Santana Maia é que poderá ou não explicar se falou do assunto a alguém ligado à candidatura ou à concelhia do PSD. O facto, é deveras curioso, porque foi em Junho que um dos "donos do PSD" veio "instrumentalizar" um seu familiar do CDS, para romper com a candidatura CDS de João Pico.
Vinda essa proposta de entendimento do CDS com o PSD, de alguém ( o engº do PSD) que só apoiava Santana Maia, na aparência, se torna agora por demais evidente toda a extensão dessa trama, como de resto, me apercebi de imediato. Só não sabia da dimensão da trama que era urdida contra Santana Maia, que ao contrário do que era notório cá fora, não colhia o apoio dos "donos do PSD". Factos que ele próprio acabou recentente por divulgar e voltou a confirmar nesta entrevista ao " Nova Aliança".
Então o plano era outro. Derrubada a candidatura autónoma do CDS, em Abrantes caberia à distrital do CDS conduzir todo o processo de coligação, com orientações dadas pelos "donos do PSD", cuja estratégia era dada em colaboração com o PSD de Santarém e Tomar, onde o CDS vinha mantendo negociaç~ºoes que acabaram goradas quanto a coligações. Abrantes poderia ser a moeda de troca do CDS para outras negociações nessas outras duas cidades ribatejanas. A movimentação da distrital contra a minha candidatura foi derrubada in extremis no Largo do Caldas, graças ao secretário geral adjunto, que intercedeu por mim.
A ideia dos "donos do PSD de Abrantes" era criar um clima de crispação entre mim e Santana Maia, que desse o pretexto para a candidatura de coligação PSD/ CDS, negociada a partir das estruturas distritais de ambos os partidos criasse uma vaga de fundo, para entrar uma nova equipa de candidatos. Eu próprio e Santana Maia saíriam da corrida.
Aqui, Santana Maia agiu mal. Nunca deveria ter aceite falar com os dois "emissários" do CDS, que foram naquela noite ao seu escritório. E, no limite, se os recebesse deveria ser com o firme propósito de combinar um encontro pessoal, entre nós dois.
Se o tem feito, - e eu temi essa manobra, que ele já não teve a habilidade de o fazer, porque estava a leste da profundidade desta manobra dos "donos do PSD local", e portanto inocente - eu ficaria publicamente, sem espaço de manobra para recusar tão "magnânimo gesto". E da confusão daí resultante, nem eu nem Santana Maia seríamos mais candidatois. Abria-se o caminho para os "donos do PSD" avançarem com o candidato deles...
A entrevista de Santana Maia para além de teimar no mesmo, não deixa de clarificar toda a impotência do PSD em ser alternativa ao PS. No limite, mais não é do que a confirmação de como as estratégias de conveniências de interesses pessoais se cruzam entre os dirigentes locais do PS e do PSD.
E é essa cumplicidade, que vem dando espaço para o imobilismo da cidadania, que culminou nesta situação mais miserável de todas, depois da vitória sobre os franceses há 200 anos.
Perseguições e tiroteio na cidade, entre grupos marginais, roubo da residência da própria presidente da câmara e a patética e dissimulada notícia de que o seu próprio carro roubado na altura do assalto à sua residência, afinal já foi recuperado.
RECUPERADO...?!
Qual quê, o carro foi abandonado pelos assaltantes, dois dias depois do roubo, pelo que o termo "recuperado", mais não foi do que sinónimo de qualquer coisa como isto: tropeçaram no carro, deixado algures por aí. Rica "recuperação"...!!!
Nunca se viu uma coisa desta por Abrantes...
Tudo bem...