4.526 - PARA ONDE FORAM "ESTES FREGUESES"?

Penso que o melhor título da manchete da última ABARCA deveria ser este: "para onde foram estes fregueses"?

Vem isto a propósito da secção "Política" na página 3 da ABARCA : " ICA que futuro?"

Os três deputados municipais, Sónia Onofre, João Viana e António Gonçalves vieram dar um conferência de imprensa - ou melhor dito: vieram fazer prova de vida! - começando logo, por se auto desmascararem "justificando o longo silêncio, a permanência no ICA depois de terem desaparecido alguns nomes que lhe deram origem".

Não podiam ser mais assertivos.

João Viana considera que " o abandono do ICA seria defraudar o eleitorado que neles confiou e lhes deu o seu voto". 
Como se nada se passasse depois das fugas desencontradas do arquitecto Albano, do Dr. Amaral e do Sr. Coronel Chaves...!!!

Mas logo de seguida contradiz-se tal qual o fazem amiudadas vezes os dirigentes partidários de referência: " Por outro lado, os valores que defenderam continuam inalterados: Fora dos interesses partidários o ICA é o movimento que visa interesses locais e nacionais [ essa dos "nacionais" estaria a querer referir-se à proposta deles, em pedirem portagens para a 2ª Circular e para o IC-19 Lisboa-Sintra...?! ] todos nós temos as nossas profissões, não vivemos da política, não temos interesses pessoais. É imprescindível haver pessoas que levem a voz da oposição sem qualquer vínculo partidário."
Por acaso todos com profissões liberais e escritório ou loja aberta e com a porta virada para a rua, como soe dizer-se lá na minha aldeia.

E o distinto advogado e autarca independente rematou assim, com imperdoável confusão e pior ainda, com uma conversa, como só os políticos partidários sabem ter, com esta bondosa tirada de cabo de esquadra: 

- "Se o ICA é para continuar  e nós acreditamos nisso, temos que começar já a trabalhar para as próximas autárquicas. Temos  que voltar a recolher as assinaturas necessárias, repetir todo o trabalho (...)." E ao acreditar na continuidade do ICA,  até chegou ao desplante de pedir à "comunicação social para fazer essa auscultação junto do eleitorado"...!

Chegados a este ponto, só me apetece gritar: 
- " Porreiro, Pá!"

Os três autarcas municipais " independentes" nada disseram sobre o concelho. Tão pouco afloraram a triste situação do concelho, como sendo o que tem mais idosos a viverem sozinhos em todo o distrito de Santarém. 
As preocupações muito "independentes" eram outras. Gente importante só fala em coisas em grande: RPP Solar, portagens na A-23, Museu MIAA e o Plano Mateus para o centro histórico.
Um plano que o deputado municipal António Gonçalves presidente da Associação de Comerciantes disse nunca o ter visto. Não se sabe, se estava a referir-se ao Dr. Augusto Mateus se ao famigerado plano... 
Talvez que aquele protocolo em forma de subsídio entregue pela CMA para a dita associação de comerciantes pudesse ajudar a descobrir o Dr. Mateus ou o plano, não acham?!

Numa coisa foram coerentes: " não temos interesses pessoais". No limite sou obrigado a corrigi-los: o que se viu foi que os ditos deputados não se interessam mesmo por nada, que diga respeito ao eleitorado!
Uma pequena nuance que nunca será demais precisar pontualmente, como no Direito das Obrigações, caro e distinto jurista.

Porque se houvesse interesse verdadeiro "em não defraudar o eleitorado que neles confiou o seu voto", não estavam a dar uma conferência de imprensa e ao mesmo tempo, sem saberem o chão que pisavam, a "mandarem" a comunicação social ir saber junto do eleitorado se o ICA deve ou não deve continuar. 
Ora essa! 
Fossem eles!  
Aliás,  já deviam ter ido eles, mas desde logo, a partir de Outubro de 2009. Juntando o desejo com o firme propósito de não defraudarem mais o eleitorado. O estranho e desprestigiante abandono do arquitecto Albano, do Dr. José Amaral e do Coronel Chaves , obrigava a terem que dar uma melhor explicação ao eleitorado e indagar junto dos 2 500 subscritores da lista, - pois essa lista existe e tem lá a morada individual de cada um dos subscritores, que os fizeram candidatos - o que fazer e como não defraudar o eleitorado!
Quem não deve, não teme. E essa era a melhor prestação que os independentes podiam oferecer ao eleitorado. Nunca alinharem com "arranjinhos" como sabem fazer os dirigentes partidários "agarrados" ao poder.

Margarida Trincão, com a  argúcia de quem, quando não está distraída, sempre consegue fazer transparecer  - e desta vez estava atenta q.b. - escreveu esta frase mortífera: 
- " Notória foi a ausência do vereador eleito pelo ICA [ permita-me a correcção:  eleito foi o nº 1 da lista, Arês, como nº 2 substituiu o arquitecto Albano...] nesta conferência de imprensa e também das posições nem sempre consonantes com as do grupo eleito pela Assembleia Municipal".

Em cheio!

Depois, como que incomodado pela voz da sua própria consciência, o distinto advogado e autarca municipal João Viana justificou-se mais uma vez, o que não abona muito para quem tem a experiência da barra do tribunal, confessando atabalhoadamente, que " O que defendemos na Assembleia é fruto da discussão em grupo, [ qual grupo? O grupo dos 2 500 peticionários e apoiantes da lista em 2009 ou do magro grupo dos três - eles próprios ali presentes, à falta de mais alguém que ali aparecesse nessa mesma conferência de imprensa? ] as posições do vereador são pessoais porque não são trabalhadas em conjunto".

Qual conjunto? O conjunto dos três? Será que a discussão feita em "conjunto com os três" tem maior valoração, do que alargada a uma vasta audiência entre os 2 500 peticionários? 
Independentes era isso mesmo, cada um por conta própria. Aliás, se lá estivesse o Arquitecto Albano na vereação, não iria dar cavaco a ninguém, como sempre fez, quando esteve em vereador e em vice-presidente. Pelo menos, os autarcas independentes eleitos sabiam disso. Não têm desculpa.

A jornalista escreveu a propósito, que João Viana, "Atenuou a situação  afirmando que a divergência não é assim tão grande, só que na Assembleia. E terá afirmado: na Assembleia " levantamos e questionamos as questões, na vereação opta-se mais pelo silêncio e pela abstenção".
Permita-me discordar de ambos. Da jornalista quando disse "atenuou", deveria ter dito: "implodiu"!
Do autarca e jurista: " questionamos as questões" é pura redundância!

Os independentes são o máximo de transparência, de isenção, de ética e de respeito pela democracia representativa. Estou mesmo a vê-los capazes de formar uma lista "Progressista Liberal" alinhando ao lado daquele dirigente, que se auto-intitulou de "CAMPÓNIO"...!!! 

Como vamos ter, ao que parece, menos seis freguesias nada como colocar os candidatos já convidados e os jovens militantes ao lado dos independentes do ICA. Não em coligação, que isso são coisas repugnantes, alimentadas pelos interesses partidários. Os liberais progressistas e os independentes sabem fazê-la melhor. E nada como fazerem "uma vaquinha". Sempre é mais coerente entre "campónios"!