Curiosamente, o " Barão Vermelho" na entrevista à SIC-N deixou - inadvertidamente, como se poderá perceber de seguida - uma pista sobre a habilidade negocial, com que soube "driblar" o autarca Nelson de Carvalho e a vereadora Maria do Céu. Disse o empresário, de que a autarquia lhe quis dar a herdade de borla e que foi ele mesmo quem "exigiu" pagar alguma coisa pelo terreno.
Acreditando nesse argumento, muito plausível para quem tem experiência no mundo dos negócios, essa pretensa generosidade do Barão Vermelho trazia água no bico. Saíu cara à autarquia.
Convenhamos, o empresário intencionalmente, não quis dar esse "trunfo" da borla, ao autarca. Porque se lho desse ficava nas mãos do autarca, para este lhe exigir isto e mais aquilo. Por exemplo, uma cláusula de indemnização no contrato de "doação" da herdade, caso houvesse incumprimentro do projecto, tal qual foi apresentado à autarquia.
Se o terreno fosse dado de borla, o autarca sempre poderia impôr com outra força a tal cláusula, não da reversão, porque só os idiotas podiam exigir tal cláusula, de todo destituída de lógica e racionalidade: não se pede a reversão de uma coisa, cujas benfeitorias nela autorizadas - no caso, obras muito mais valiosas do que o próprio terreno - podiam ser muito superiores ao espaço físico, em si.
Ao empresário essa situação indemnizatória nunca podia acontecer. Não lhe convinha. E ao autarca mal seria se a uma herdade dada de borla, nada pedisse em troca, em jeito de indemnização. Portanto, aquele preço, mesmo que muito baixo, sempre foi um preço, que o autarca foi aceitando como se de uma indemnização se tratasse. Aliás, os deputados municipais também já se deram por muito satisfeitos, só com a idéia dos 1 900 novos empregos, para estarem a levantar mais questões. É certo que o deputado Belém falou na cláusula de reversão. Mas toda a gente achou essa cláusula ridícula. Ninguém queria admitir um falhanço daquela monta.
A solução obrigava a haver na câmara municipal alguém como o D. João II: que soubesse ser a um tempo a coruja e a outro tempo o falcão. Nelson de Carvalho, já o havíamos percebido no caso Ofélia, entre outros, que não era pessoa capacitada para negociar em defesa dsos interesses da autarquia. Então, só lhe restava agir com sabedoria e astúcia. A um tempo, deixava o governo de Sócrates e Basílio Horta do AICEP avançarem com as negociações e ir adiando a " doação", até encontrar o comprometimento irreversível da RPP Solar, e nessa altura, vir a "exigir" em última hora a tal cláusula indemnizatória, com aquele argumento de que havia quem já estivesse na oposição a criar problemas, etc, etc...
Era ano de eleições autárquicas e Nelson tinha na vereadora do investimento industrial a sua substituta. Nem com esse argumento salvou a CMA. Nem ele, nem a vereadora, diga-se em abono da verdade.
Hoje, não podem vir a falar em indemnização, quando anteriormente, nada exigiram. E pelo que já se percebeu, se fossem os vereadores do PSD a terem ganho as autárquicas, a esta hora nem terreno, nem indemnização... A cláusula de reversão era uma treta sem valor algum para uma autarquia, nestes tempos de crise...
Finalmente, não esperassem do eleitorado que soubesse agir friamente, nestas negociações. O eleitorado ficou possesso com a soberba nos 1 900 novos postos de trabalho. Os papás e os avôzinhos nem queriam outra coisa para os netinhos. O Barão Vermelho soube agir, como só ele o sabe fazer. Aquilo que a oposição vem hoje a falar, é parvoíce e incompetência grosseira. Calem-se! Só estão a valorizar ainda mais a postura do executivo socialista e a perpetuá-lo no poder...!
Calem-se!
Basta de tanta asneira.