Foram mais de 1 milhão de habitações novas a preços especultaivos. Fora as habitações usadas e degradadas, que ainda assim não deixaram de acompanhar os preços especulativos das novas habitações.
Sobre o preço final de uma habitação nova, 40 % iam para pagar impostos, taxas, licenciamentos e outras burocracias. Burocracias que acarretavam com as demoras novos encargos adicionais com juros de capital imobilizado. Cada mês de demora num despacho camarário podia onerar em mais 2% ou 3% o preço final. Se o construtor precisava de um documento para a realização da escritura, cada mês que levasse a obter esse documento significava um custo do capital imobilizado de 2% ou 3%, numa época em que os juros andavam entre os 10% e os 20 % ao ano.
É só fazer contas!
Os preços especulativos dos terrenos passaram da percentagem sobre o preço final da habitação dos 15% nos anos 1970, para os 40% - senão mesmo, os 50%! - no virar do milénio.
Os 40 % da burocracia e impostos, com os encargos de juros, mais os 30% da especulação em excesso, com os preços dos terrenos, somavam cerca de 70% do preço da habitação, que os compradores das habitações pagavam como se tratasse do preço justo.
Vendo bem, a construção só custava cerca de 30 % do preço pago. O direito a um abrigo para si e para a sua família implicava um pagamento extra de 70%. Quem é que podia suportar um horror dessa natureza?
Uma habitação de 150 mil euros podia ser comprada por 50 mil euros, pois era essa a verba gasta efectivamente com a construção em si. Tudo o resto eram mordomias para uns tantos...especuladores e burocratas.
E o povinho a pagar...
e a embirrar contra os construtores...!
Ao mesmo tempo que uns tansos nos iam lembrando com disfarçado cinismo, de que nós vivíamos acima das nossas possibilidades.
É preciso terem lata...!
Grande tanga...!