Só que os dois partidos nunca serão capazes de levar até ao fim a razão principal deste e de outros problemas, que envolvem a corrupção no aparelho do Estado. Porque não convém aos que defendem as nacionalizações de tudo e mais alguma coisa, de que há muita gente no aparelho de Estado capaz de receber ou "exigir luvas".
A ideia dos "visto-gold" que outros países da CE também exploram como captação de investimento estrangeiro partiu de Paulo Portas. Porém, a gestão dessas concessões de vistos envolvem organismos do ministério da Administração Interna, a cargo do ministro Miguel Macedo.
Mais: há envolvidos neste processo agora investigado, altos funcionários do ministério da Justiça e uma secretária geral do ministério do Ambiente, que é sócia do escritório de advogados do próprio ministro Miguel Macedo.
« O programa de atribuição de vistos gold, criado em 2013, prevê a emissão de autorizações de residência para estrangeiros oriundos de fora do espaço Schengen que façam investimentos em Portugal por um período mínimo de cinco anos. Entre as opções de investimento incluem-se as transferências de capital num montante igual ou superior a um milhão de euros, a criação de pelo menos dez postos de trabalho ou a compra de imóveis num valor mínimo de 500 mil euros »
A questão é muito mais profunda.
Como se explica que numa parcela de mil milhões de euros estejam tantos altos responsáveis alegadamente envolvidos, indo até à cumplicidade do director do SIS?!
Se pensarmos que as receitas fiscais e outras receitas da administração central, regional e local atingem mais de centena e meia de milhares de milhões de euros por ano, será que no aparelho de Estado não estarão envolvidos outros altos dirigentes, em negócios ilícitos ou em crimes de extorsão e corrupção, semelhantes aos do caso dos " vistos-gold"?