Obras essas que já estavam em dívida para com essas povoações, desde a inundação das terras ribeirinhas, após a barragem de 1951.
Dias terríveis, os que se viviam pelo norte do concelho.
Por essa altura era bispo da diocese de Portalegre e Castelo Branco, D. António Ferreira Gomes, muito festejado pela esquerda revolucionária, após a carta a Salazar de 1959, que lhe valeria a expulsão do país, por pressão diplomática de Salazar junto do Vaticano.
Uma carta onde entre outras banalidades e ingenuidades políticas muito de feição a Humberto Delgado, acusava Salazar de não antecipar uma abertura política que privilegiasse a corrente democrata cristã, como forma de melhor anular a investida comunista no mundo. Pasme-se como os comunistas ainda assim, festejaram a carta do bispo, quando este, se apresentava como anti-comunista sectário e nada democrático, ao exigir para os católicos uma tolerância pouco democrática.
Um bispo que não soube intervir em defesa do seu rebanho mais indefeso, e ainda veio a escrever um insulto a esse povo espoliado, numa missiva dirigida ao presidente da Câmara de então, Major Machado, classificando essa pobre gente espoliada das suas terras, como pessoas execráveis.
Pois bem, as cooperativas seguindo todas os estatutos da CIDAS, que eu próprio redigi em 1975, lá avançaram sozinhas para a captação da água de rega, de que tanto careciam, sem que o poder local, - o tal poder de proximidade - se chegasse à frente, no carinho e apoio a tão louváveis iniciativa.
O poder local sempre viveu no jacobinismo e na miopia do caciquismo. Se eu não tivesse falado grosso ao Engº Bioucas e ao engº chefe da CMA, na altura, - 1975 - teriam indeferido a captação do Souto e anulado as iniciativas das outras três povoações.
Como é que os partidos e os candidatos de 1976 puderam omitir essas obras, é coisa que me espanta e muito!