Foi logo no dia de Todos os Santos de 1969, nesse Largo da Portelinha, que Manuel Amaro leu a escritura e fez anúncio do que iria a ser a Sociedade Recreativa e da sede a ser projectada logo ao lado, nos terrenos da velha casa da Ti Mariana. Logo ali foram inscritos e registados a segunda grande "fornada" de sócios, que chegou várias dezenas, naquele dia.
No Natal e Passagem de Ano, de 1969, foram alugados uns oleados e lonas e improvisada uma espécie de tenda dentro da qual funcionou um espaço de baile e bufete, nesses dias festivos ocupando precisamente, o terreno entretanto prometido comprar à Família Dias e seus herdeiros, e declarado dia da colectividade o dia 25 de Dezembro.
Problemas de ordem administrativa impediram a construção daquela sede. Resumidamente, uma lei imedia a construção de associações, ainda que culturais, a menos de 12 metros de distância dos espaços escolares. O terreno da casa da Ti Mariana pegava com o recreio da escola primária.
Lá foi ao ar o dinheiro do projecto da sede elaborado e metido à Câmara, depois de esboçado e estudado um ante-projecto da minha autoria.
Curiosamente, todos os sócios e dirigentes falavam em construir uma sede, sem contudo terem as ideias bem definidas quanto às suas instalações. Foi numa reunião de direcção que o meu pai fez discutir o projecto, porque para definir áreas e serviços a edificar naquele espaço.
Teria que ser um edifício de dois pisos, onde no piso inferior haveria o alão de baile e um pequeno palco e no piso superior as hipotéticas instalações sanitárias ( quando na verdade não havia rede pública de água e esgotos só de fossa), mais a sala de direcção e a secretaria.
Só no verão de 1970 viria a ser comprado o terreno sito Atrás das Tapadas, com cerca de 9 mil m2, pertença de meu avô Martinho, que o vendeu por 29 contos ( hoje 145 euros).
Agora, já se poda alar de um projecto mais alargado. Um verdadeiro salão com palco, camarins e w.c e secretaria e sala de direcção, mais um campo de futebol que eu fui insistindo muito em ser feito. Ninguém queria acreditar num campo da bola, quando as dimensões eram escassas para esse efeito.
Um pormenor a que não liguei muito, e que os irmãos João Pedro Lourenço e Mário Pedro Lourenço muito ajudaram ao cederem por verba simbólica, ( paga pelo presidente Adelino Branco, outro dos entusiastas pelo campo da bola) uma apreciável fatia do seu pinhal a sul, ficando com as dimensões que se conhecem hoje. Os irmãos Lourenço eram uns adeptos da bola e benfiquistas. Por nada deste mundo deixariam de ajudar aquele campo da bola.
Com esse esboço de projecto, foi o mesmo entregue no atelier da firma J. Pimenta, perante o acompanhamento muito empenhado do Sr. Luís Pimenta, que acabou por decidir com o irmão dar outra grandeza ao campo de futebol, enviando uma máquina de terraplanagem, na primavera de 1971, já com o Jacinto Carpinteiro e eu próprio encarregues da Seção Desportiva, a que se viriam a juntar o João Pimenta Batista e o Rui dos Anjos Pimenta.
